sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Feiticeira...


Teus olhos negros visei,
Mulher que sem pétalas és uma rosa,
Meu olhar cegou, já nada vejo...

As saudades ficaram de uma vida que sonhei,
Nessa rosa que enlouqueceu meu desejo.


A rosa dei-ta eu, mas os espinhos
Comigo vivem, e sangram
Como flores de rosmaninho,
Deixando meu coração nesta dor...


Mas jardim fosse eu... oh feiticeira.
Dar-te-ia rosas a vida inteira ,
E os espinhos, esses, lembrar-me-iam de ti.


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Alguns quadros mais antigos...














Estes são alguns dos meus trabalhos mais antigos em aguarela e óleo. Alguns preservo em minha casa com muito carinho, outros tenho pena , mas nem com as fotos fiquei, só os revejo quando vou a casa das pessoas que os compraram , ou então a casa de amigos a quem os ofereci. Estes últimos, são para mim um previlégio porque é como se os visse pela primeira vez...



Façam as vossas criticas ou comentários, pois é com elas que aprenderei a melhorar...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Vagabundo...



A chuva são gotas de ais
E nesta pobre cama já deitado,
Oiço os pingos dos beirais,
Sinto-a bater no telhado.

Meu corpo de frio gela,
Nada tenho para me aquecer,
Minha sina é esta fria cela,
Estou condenado a morrer.

E a chuva levemente,
Cai dos céus lentamente,
Noite inteira sem parar...
Esta noite irmã de tantas,
São minhas tristes mantas,
Meu agasalho, meu lar.



O mar...


Se tu soubesses, como eu gosto do mar!
É mesmo descomunal, este sentimento

Que lhe devoto desde criança,
Ás vezes, loucamente,
Apetece-me abraçá-lo,
E então, lanço-me nele,
Sem que jamais consiga,
Pobre doido, prendê-lo
Na cadeia incompleta dos meus braços...
Mas ele desconhece,
Como eu o amo,
Se assim não fosse,
Estou certo, esperaria quedo,
Pelos meus abraços...
Como ele me foge, sempre
E não sei a maneira,
De retê-lo enfim,
No côncavo da mão...
Espumando em meus dedos,
Fico sentado a olhá-lo da praia,
Fixamente, como um menino triste,
A quem não querem dar,
O brinquedo preferido,
Que cobiçou em vão...


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vem noite...


Este absurdo de rectidão obliqua,
À espera de quebrar...
Esta angustia madura que não cessa,
O castigo de amar...

-Vem noite! Vem depressa,
Num solstício de Outono,
Carnívoro, medonho...
Vem, pomba espavorida,
Ao meu pombal sem dono,
Volúpia dos sentidos,
No quebra mar do sonho...

-Vem noite! Vem depressa,
Liquefeita em pavor,
Terror das noites suplicies,
Cúmplices desta angústia repartida...

-Vem noite! Vem escuridão,

Vaza nestes olhos cansados,  
As marcas que ficaram do amor...


Regresso de Moçambique (Lourenço Marques)...


Céu azul da cor do mar,
Andorinhas voando em par,
Neste Portugal de maravilhas,
Outras terras me faz lembrar,
Perdidas no Ultramar,
Seus continentes e ilhas...

Oh mar de verde tom,
Onde Portugal já morou...
Que no Índico distante fique,
E só me reste a saudade,
Dessa boa mocidade,
Vivida em terras de Moçambique...

Se os génios lá voltassem,
De ira se revoltavam,
Por serem banidos da história,
Esses Homens verdadeiros pilares,
Senhores da terra e dos mares,
De vergonha choravam a glória...