quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vem noite...


Este absurdo de rectidão obliqua,
À espera de quebrar...
Esta angustia madura que não cessa,
O castigo de amar...

-Vem noite! Vem depressa,
Num solstício de Outono,
Carnívoro, medonho...
Vem, pomba espavorida,
Ao meu pombal sem dono,
Volúpia dos sentidos,
No quebra mar do sonho...

-Vem noite! Vem depressa,
Liquefeita em pavor,
Terror das noites suplicies,
Cúmplices desta angústia repartida...

-Vem noite! Vem escuridão,

Vaza nestes olhos cansados,  
As marcas que ficaram do amor...


Regresso de Moçambique (Lourenço Marques)...


Céu azul da cor do mar,
Andorinhas voando em par,
Neste Portugal de maravilhas,
Outras terras me faz lembrar,
Perdidas no Ultramar,
Seus continentes e ilhas...

Oh mar de verde tom,
Onde Portugal já morou...
Que no Índico distante fique,
E só me reste a saudade,
Dessa boa mocidade,
Vivida em terras de Moçambique...

Se os génios lá voltassem,
De ira se revoltavam,
Por serem banidos da história,
Esses Homens verdadeiros pilares,
Senhores da terra e dos mares,
De vergonha choravam a glória...