sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Vagabundo...



A chuva são gotas de ais
E nesta pobre cama já deitado,
Oiço os pingos dos beirais,
Sinto-a bater no telhado.

Meu corpo de frio gela,
Nada tenho para me aquecer,
Minha sina é esta fria cela,
Estou condenado a morrer.

E a chuva levemente,
Cai dos céus lentamente,
Noite inteira sem parar...
Esta noite irmã de tantas,
São minhas tristes mantas,
Meu agasalho, meu lar.



O mar...


Se tu soubesses, como eu gosto do mar!
É mesmo descomunal, este sentimento

Que lhe devoto desde criança,
Ás vezes, loucamente,
Apetece-me abraçá-lo,
E então, lanço-me nele,
Sem que jamais consiga,
Pobre doido, prendê-lo
Na cadeia incompleta dos meus braços...
Mas ele desconhece,
Como eu o amo,
Se assim não fosse,
Estou certo, esperaria quedo,
Pelos meus abraços...
Como ele me foge, sempre
E não sei a maneira,
De retê-lo enfim,
No côncavo da mão...
Espumando em meus dedos,
Fico sentado a olhá-lo da praia,
Fixamente, como um menino triste,
A quem não querem dar,
O brinquedo preferido,
Que cobiçou em vão...